China prevê como viveremos em 2030: uma casa compacta de 25m² que engana graças à distribuição e ao jogo de níveis.
- Davi Nogueira
- 20 de jun.
- 4 min de leitura
No coração de Xangai, uma das cidades mais emblemáticas da China, surge uma proposta inovadora que pode dar pistas sobre como viveremos nos próximos anos: uma microcasa de apenas 25m², projetada com inteligência e aproveitamento máximo do espaço. Este pequeno lar prova que, com uma boa distribuição e o uso estratégico da verticalidade, é possível transformar poucos metros quadrados em uma moradia funcional, confortável e até espaçosa.

Esta casa de 25m2 em Shangái (China), é exemplo deuma boa distribuição
Um desafio demográfico e urbano que pede soluções criativas
A China enfrenta atualmente um dos maiores desafios demográficos do planeta. Estima-se que o país tenha mais de 1,4 bilhão de habitantes, sendo que cerca de 66% vive nas grandes cidades. Com a expectativa de que esse número continue crescendo nos próximos anos — não apenas na China, mas em todo o continente asiático — a arquitetura urbana se torna peça-chave para evitar o colapso das grandes metrópoles e propor soluções habitacionais que atendam às novas necessidades.
Segundo dados publicados pelo portal ArchDaily, com base no estudo As Cidades do Mundo em 2018 da ONU, até 2030 cerca de 60% da população mundial viverá em grandes centros urbanos e um terço dessa população estará concentrada em cidades com mais de um milhão de habitantes. Diante dessa projeção, soluções como a microcasa de Xangai deixam de ser apenas curiosidades arquitetônicas e passam a ser modelos reais de moradia urbana.
Arquitetura do futuro: pequenos espaços, grandes ideias
Pensando nesse cenário, escritórios chineses de arquitetura e design de interiores vêm se mobilizando para repensar os espaços habitacionais urbanos. Um dos destaques é o estúdio Qisi Design, que se especializou na transformação de imóveis extremamente pequenos em ambientes multifuncionais e acolhedores.
Entre os projetos mais notáveis do escritório está esta microcasa localizada em Xangai, que distribui seus cômodos em diferentes níveis, aproveitando cada centímetro vertical. O resultado? Uma moradia que parece até ter espaço sobrando, apesar de seus modestos 25 metros quadrados.
Modernidade e história no mesmo espaço

Um dos principais desafios do Qisi Design neste projeto foi respeitar a estrutura histórica do imóvel sem abrir mão das soluções contemporâneas. A estratégia foi trabalhar com sobreposição de ambientes, como em um quebra-cabeça tridimensional. Em vez de expandir horizontalmente, a casa se desenvolve para cima, explorando o conceito de verticalidade como solução de otimização.
Para ampliar a sensação de amplitude, os arquitetos eliminaram divisórias como portas e paredes não estruturais, garantindo uma fluidez entre os ambientes internos e externos.
Ambientes integrados e dinâmicos

O projeto aposta em espaços abertos e conectados entre si. A sensação de dinamismo é alcançada com a variação dos níveis internos, criando zonas distintas sem a necessidade de isolamento físico. Os móveis seguem o mesmo princípio de integração: muitos deles estão embutidos na própria estrutura da casa, como é o caso de um banco que funciona como sofá.
Cozinha revestida em madeira: funcionalidade e sofisticação

A cozinha, totalmente revestida em madeira — um material resistente, natural e durável —, ganha um ar sóbrio e elegante. Para ir além da funcionalidade básica, os arquitetos incluíram uma bancada central que serve como apoio e espaço de refeições rápidas. Acima da pia, prateleiras suspensas oferecem uma solução inteligente de armazenamento sem comprometer o espaço visual.
Espaços abertos

O dinamismo era um fator que se pretendia alcançar com este projeto. Isso foi conseguido graças à distribuição em diferentes níveis dos ambientes, mantendo a conexão entre eles ao não utilizar elementos que os separem. Com o objetivo de que os móveis ocupassem pouco espaço, muitos deles estão completamente integrados à casa, como é o caso do sofá do tipo banco.
Banheiro aberto e com personalidade

Diferente dos banheiros tradicionais, aqui ele está aberto para o restante da casa, o que reforça a proposta de continuidade e leveza visual. Revestido com painéis em um tom cinza escuro, o ambiente se destaca pela sofisticação e contraste com o restante da casa. A banheira, colocada de forma independente, cria um verdadeiro refúgio de relaxamento em meio à microarquitetura.
Dormitório nas alturas

A parte mais elevada da casa é reservada para o dormitório, um espaço pensado exclusivamente para o descanso. Com altura suficiente para que o morador possa se movimentar com conforto, o ambiente é delimitado por uma elegante guarda-corpo de vidro, que substitui as tradicionais paredes opacas e garante leveza visual.
Um lar com visão total

Uma das características mais marcantes dessa microcasa é a possibilidade de visualizar todos os ambientes a partir de praticamente qualquer ponto do imóvel. Isso demonstra o sucesso da reforma: a integração dos espaços foi plenamente alcançada, criando uma atmosfera aberta e coesa.
Conexão com a natureza

Mesmo com tamanho reduzido, a casa reserva um espaço especial para a área externa: um pátio interno sereno, perfeito para relaxar nos dias de clima agradável. Mais do que um recurso estético, o pátio é um elemento fundamental para manter a conexão com a natureza — algo cada vez mais necessário em contextos urbanos densamente povoados.
Uma nova forma de habitar
Projetos como este apontam para uma nova forma de viver nas cidades do futuro: lares compactos, eficientes e adaptáveis, que não sacrificam conforto nem estética. A microcasa de Xangai mostra que o tamanho não é um limite, mas uma oportunidade para a criatividade arquitetônica e para a reinvenção do modo de morar.
Gostou desse post? Compartilhe ele com alguém! Até a próxima :)